Nazária (PI), 28 de abril de 2025 – Cerca de 800 famílias estão sendo despejadas do Acampamento Clóvis Moura, no município de Nazária, Piauí. A ação, conduzida pela segurança do estado, acontece de forma antecipada, três dias antes do prazo legal estabelecido no mandado de reintegração de posse.
Formado por trabalhadores, trabalhadoras, mulheres, idosos e crianças do MST, o acampamento simbolizava o sonho da conquista da terra para viver e produzir. Porém, esse sonho está sendo abruptamente interrompido. A situação expõe, mais uma vez, a realidade da concentração fundiária no Brasil, país com vasto território, mas onde a posse de terras segue extremamente desigual, apenas nas mãos dos grandes latifundiários e muitas vezes são fazendas improdutivas.
A área ocupada pelas famílias do MST estava há mais de 20 anos improdutiva, após o fracasso de um projeto agrícola destinado à produção de mangas. Além do abandono da terra, há registros de uma dívida milionária associada ao imóvel junto ao Banco do Nordeste, acentuando o quadro de descaso.
Apesar do mandado judicial prever 15 dias para a retirada das famílias, a operação de despejo foi antecipada, causando revolta e preocupação entre os acampados e movimentos sociais que acompanham o caso. “É uma violência contra quem só queria produzir e viver com dignidade”, afirmam representantes dos acampados.
Organizações de direitos humanos e entidades ligadas à luta pela reforma agrária denunciam que a ação viola direitos fundamentais e reivindicam uma solução negociada, que respeite a dignidade das famílias e o direito à terra. O caso reacende o debate sobre a necessidade urgente de fazer a reforma agrária no país, de ter políticas públicas para a democratização da terra no Brasil e a revisão dos critérios para o cumprimento de mandados de reintegração em áreas de conflito agrário.